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C apital da
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Lourosa, outrora uma aldeia rural de vários reinados, sofreu grandes processos de transformação e as suas gentes, com dedicação e esforço, contribuíram para uma constante evolução. Assim, Lourosa foi denominada de vila no dia 25 de Setembro de 1985 e, a 19 de Abril de 2001, os lourosenses viram a sua terra ser elevada a cidade.
A fundação de Lourosa tem origens muito distantes, que vão para além da formação da nacionalidade. As origens suas remontam a um período, anterior à organização do nosso país. Contudo, a formação de Lourosa, como hoje conhecemos, apenas ocorreu em 1128, após a Batalha de S. Mamede.
Laurosa terá sido referida antes mesmo da constituição do Condado Portucalense, por volta do ano de 1095. Encontra-se a referência a Laurosa num documento antigo que data de 1009, século XI. Os nomes Boco e Lourosa, outrora aldeias, aparecem referidos em documentos de 1155. Existem ainda referências, num testamento de 1234, ao Mosteiro de Pedroso e à primitiva igreja de São Tiago, a qual tem já como patrono o mesmo santo.
No ano de 1251, viviam, em Lourosa, apenas sete casais, sendo a localidade quase um ermo. Nas inquirições de D. Dinis, em 1288, faz-se referência à existência de nove casais na paróquia de São Tiago. Existe outro documento, de 1320, que informa que Lourosa terá participado na luta da reconquista cristã e na expulsão do Mouros, autorizada pela Igreja católica.
Em 1322 há referências aos Mosteiros de Pedroso e Silvalde e, mais tarde, em 1363, o rei D. Pedro I deu de foro a António Miguel e sua esposa, Iria Domingues, uma casa na aldeia de Lourosa, o que prova que o rei tinha jurisdição secular sobre a região. Em 1371 Lourosa passou a fazer parte da Diocese do Porto, antes pertencente à de Coimbra. Em 1514, foi incluída no foral, cedido por D. Manuel à Feira e Terra de Santa Maria. Nesta época, Lourosa vivia fundamentalmente da terra, sendo a agricultura a actividade máxima da sua economia. Cultivavam-se, sobretudo, cereais (aveia, centeio, cevada, milho e trigo) e criavam-se animais domésticos.
No séc. XIX e XX transformaram-se, significativamente, os costumes vividos pela população de Lourosa durante as idades média e moderna. No início do século passado, a cortiça foi trazida para esta terra, alterando assim o modus vivendi da população, bem como o contexto económico da região.
Lourosa, outrora uma aldeia rural de vários reinados, sofreu grandes processos de transformação e as suas gentes, com dedicação e esforço, contribuíram para uma constante evolução. Assim, Lourosa foi denominada de vila no dia 25 de Setembro de 1985 e, a 19 de Abril de 2001, os lourosenses viram a sua terra ser elevada a cidade. Presentemente esta cidade é famosa por se tratar da cidade dos três C's: Cidade Capital da Cortiça, indústria preponderante nesta região.
Lourosa tem na sua génese variadas tradições que se relacionam com a religião e com os hábitos de vida da população e que marcam sua identidade e cultura. Desde a matança do porco, à desfolhada, bem como as festas dedicadas aos santos devotos e ao grande patrono S. Tiago.
Antigamente, como as pessoas viviam da lavoura, para sustento próprio e das suas famílias, que eram numerosas, criavam animais. Daí surgiu uma importante tradição, a matança do porco. Os porcos eram mortos e pendurados de um dia para o outro. No dia seguinte, desmanchava-se o porco e as suas carnes eram salgadas, numa salgadeira, que ficava no porão das casas. Nada era desperdiçado, pois do sangue e miúdos do animal ainda se faziam as morcelas, que eram penduradas no fumeiro, juntamente com os presuntos. Havia um rito muito interessante aquando a matança do porco, a distribuição, pelo lugar, do mandado (prato de grande porção de carne de porco e morcela em cima), para que todas as pessoas pudessem comer um pouco.
Para além da criação de animais, o cultivo assumia grande importância na vivência e sustento da população da região. Desta forma, as pessoas que possuíam campos semeavam milho, batatas, cebolas, entre outros produtos, os quais depois vendiam na feira das colheitas de S. Miguel.
No Outono, surgia outro momento bastante significativo para a vida da população: a desfolhada. As espigas de milho eram todas colocadas numa eira em monte, as pessoas formavam uma grande roda à volta destas e desfolhavam-nas enquanto cantavam. Quando encontravam uma espiga de milho vermelho, o Milho Rei, davam um abraço dizendo "chiii". Depois de terminada a desfolhada, o dono da casa fazia uma grande merenda, com pão, castanhas e vinho, para gratificar todos os que nela participaram. O milho era recolhido e as suas folhagens eram igualmente aproveitadas para encher almofadas. Os dias da desfolhada eram dias de grande festa.
Outra curiosidade caricata desta região relaciona-se com a celebração dos casamentos. Quando as viúvas voltavam a casar, era tradicional amarrar-se latas atrás do carro dos noivos. Hoje em dia, as latas são amarradas no carro dos noivos, independentemente da sua situação civil.
As romarias eram grandes festas, ligadas à religião, que por cá se faziam. As principais romarias eram as festas de S. Miguel, N. Sra. da Saúde, Sto. António e S. Tiago. Nestas romarias havia a procissão do Nosso Senhor dos Passos, onde se levava o andor do santo, assim como o andor da mãe de Jesus, que percorriam algumas ruas de Lourosa, da igreja até ao Calvário, onde se fazia uma espécie de encenação sobre o encontro de Jesus e Sua Mãe Maria.
Hoje em dia muitas tradições foram perdidas. Contudo, algumas associações existentes em Lourosa, de cariz religioso ou cultural, têm vindo a recuperar algumas e a criar novas.
O brasão da Freguesia de Lourosa foi criado no pós 25 de Abril de 1974, a pedido do então presidente da junta Dr. Manuel Coelho.
O brasão é constituído por três elementos: louro, rosa e uma citação em latim.
Tendo em conta uma lenda que tem passado pelas gerações, atribuiu-se o nome Lourosa à união de louro (árvore que abundava neste lugar) e rosa (nome de uma linda rapariga da terra). Daí serem os símbolos que constituem o brasão.
Sabe-se ainda, que o presidente Dr. Manuel Coelho, terá acrescentado a citação de Virgílio (Écloga IX, 50) “Carpent tua poma nepotes”, que traduzido lê-se “Os teus descendentes colherão os teus frutos”. Com esta citação, Virgílio queria significar que não se deve pensar unicamente em si e no presente, pois o trabalho será aproveitado pelas gerações vindouras.
Este seria sempre o fundamento base de todas as obras, projectos e benfeitorias realizadas nesta freguesia.
Lourosa é uma cidade portuguesa e freguesia do concelho de Santa Maria da Feira, com 6,41 km² de área e 8 636 habitantes (2011). A sua densidade populacional é de 1 347,3 hab/km².
A cidade de Lourosa é a terceira freguesia mais populosa do concelho de Santa Maria da Feira.
A agravante situação económica do país, levou a um consequente aumento da emigração por parte dos lourosenses, facto verificado pela continua construção imobiliária que, contudo, não teve reciprocidade quanto à sua ocupação.
Podemos constatar que a faixa etária mais representativa da população de Lourosa se situa entre os 15 a 64 anos de idade, em que se enquadra a fase mais activa da vida. Portanto, isto permite-nos estabelecer uma relação directa com os dados relativos à taxa de actividade existente na freguesia.
Apesar da subida generalizada da taxa de desemprego no concelho de Santa Maria da Feira, a cidade de Lourosa é uma das freguesias que mantem uma taxa de actividade alta e um elevado nível de industrialização.
A maior parte dos Lourosenses dedica a sua actividade profissional ao setor da indústria (nomeadamente corticeira), havendo também já uma parte significativa dedicada à prestação de serviços. Este indicador demonstra o aumento do nivel de urbanismo da freguesia.
Ao nivel de infraestruturas escolares, Lourosa disponibiliza à sua população vários jardins de infância e escolas do ensino básico, bem como uma escola secundária, que têm tido bastante impacto no desenvolvimento da região. Consequentemente, tem havido uma diminuição da taxa de analfabetismo.